O que não podemos deixar acontecer.
Desde quando nascemos e entendemos que o mundo é mundo
aprendemos que o ideal é evoluirmos como seres humanos para
atingir nossas potencialidades múltiplas.
Comigo não foi diferente, talvez por ter como uma das minhas forças
de caráter, a curiosidade, sempre fui muito além do meu tempo com
relação a tecnologia.
A inteligência artificial chegou de vez para nos mostrar que não
precisamos perder tempo em digitar um contrato, vestir um casaco
mais da moda como fizeram com o Papa Francisco.
Entretanto, apesar da IA ser excelente precisamos falar no impacto
que ela gera no mundo acaso não exista uma consciência sistêmica
sobre o uso de governança tecnológica, sobre a IA na biotecnologia,
armamentos nucleares, alterações climáticas e ainda, relações
humanas.
A gente precisa lembrar que saímos de uma pandemia recente e que
muitas pessoas nesse momento se encontram adoecidas de tristeza,
solidão, ansiedade, dentre outras doenças mentais.
Sabendo disso, precisamos falar a verdade. Essas mesmas pessoas,
passam a maior parte do tempo conectadas, tentando disfarçar tais
doenças mentais, com a hiperconectividade. Sim, é verdade. Quer
ver?
Quando você vai a algum bar com os amigos, e estão todos numa
mesa bebendo e conversando, sempre existem aqueles que não
largam a tela do celular.
Recentemente na palestra em South by Southwest, a escritora Esther
Perel falou sobre esse tema e nominou como “intimidade artificial”
falou muito do impacto que as novas tecnologias estão fazendo na
saúde mental do ser humano.
Mas, voltando aqui, já aconteceu de alguém te ligar para contar algo
importante que aconteceu com ela, suas vulnerabilidades e tristezas
e você somente responder como monossílabos, como se não
estivesse no momento daquela pessoa? Reflita.
Quantas vezes no seu trabalho, você passou o dia inteiro no
computador e ao chegar em casa, tomou aquele banho gostoso,
deitou no sofá com uma cerveja gelada e pegou o celular para ver as
redes sociais? Reflita.
Você sabia que saiu uma pesquisa recente que dizia que as pessoas
estão fazendo menos sexo por conta da tecnologia?
“A verdade, porém, é que os centennials são menos propensos
a fazer sexto na adolescência e na vida adulta”. (Jean W.
Twenge).
Mas de tudo isso, o que é preocupante com nosso envolvimento com
a tecnologia, é que as relações humanas estão se acabando. A gente
convida a amiga para tomar um chá da tarde por pura educação, a
gente nunca vai, presta atenção.
Meses atrás eu vi um “meme” onde a garota dizia assim: “Por qual
motivo eu vou sair com minhas amigas, se em casa tenho, banho
quente, cama gostosa, comida, água gelada e Wi-fi?
E é isso que é preocupante. Nós estamos perdendo aquele convívio
real com as pessoas, com nossos familiares e amigos. Aquela
conexão de sentar-se com a amiga e ouvir o que ela tem a dizer.
Aquele almoço de domingo com todos reunidos na mesa, acabou,
estão a maioria na sala olhando o celular, cada um na sua.
As emoções positivas, as trocas de humanidade, sentimento, empatia
e compaixão estão cada vez mais se perdendo para a hiper
conectividade. Reflita.
Se você parar para refletir, temos muito mais intimidade com o nosso
celular do que com as pessoas ao nosso redor. Os diálogos ficaram
mais curtos e se resumem a responder, sim, não, está bem.
Precisamos refletir sobre o que estamos fazendo com as nossas vidas.
Será que o futuro é esse mesmo? Esquecer as nossas relações
humanas, aquele papo com sorvete na praça, aquele passeio de mãos
dadas na praia, conversando sobre coisa nenhuma, que faz um bem
danado?
O que precisamos fazer para não colocar nossos sentimentos e
tristezas na tela dos nossos celulares, nossas alegrias somente
naquela fotografia que iremos postar no “Instagram”. Será que essa
hiper conectividade não está estragando nossas relações humanas?
Pensando nisso, essa semana os donos das tecnologias mundiais e a
organização não Governamental https://futureoflife.org/ que estuda
os impactos da IA e o ChatGPT, fizeram um abaixo assinado para que
cessem por pelo menos seis meses as pesquisas e os novos
lançamentos com a Inteligência Artificial.
E pensando nisso todos esses dias, te convido a refletir sobre os
impactos do seu celular em sua vida pessoal e emocional, bem como,
dizer que é saudável ter aquela relação pessoal e real com os amigos,
até aquela discussão sobre determinado ponto de vista diverso que
causa certo descontentamento. “vocês se resolvem depois” isso é
vida real.
E por conhecimento de causa e estudos sobre o comportamento
humano posso garantir que ter likes nas redes sociais não é tão
importante como ter o abraço e o sorriso dos seus familiares e
amigos.
Penso ainda que o grande perigo da tecnologia e da Inteligência
Artificial é não preparar nossos filhos para as incertezas e erros da
vida emocional e adulta. De proteger com tanta eficiência a dor que
deixe distante o convívio e os sentimentos reais e emocionais.
Os erros que cometemos na vida real, são essenciais para nosso
desenvolvimento humano e nosso conhecimento sobre crenças de
identidade, valores, caráter e respeito a individualidade do outro.
Quando isso se perde, a gente percebe os ataques de ódio nas redes
sociais pelo simples motivo de uma pessoa ser diferente dos padrões
de beleza que as redes nos trouxeram. Isso é desumano.
A gente precisa entender que cultivar momentos de admiração,
diálogos reais, risadas e humor é saudável para a nossa vida e que
não é substituído pela tecnologia e inteligência artificial, mesmo ela
estando com as pesquisas tão próximas nesse sentido.
Outro ponto a nos atentar é não termos uma regulação dos limites
do que seria real do imaginário, dos ataques que poderão ocorrer aos
governos, essa biotecnologia, os confrontos morais que já estão
ocorrendo em escalas absurdas em vários países.
Precisamos refletir e tentar ao máximo conhecer sobre o assunto para
que nossas gerações futuras não percam o gosto de brincar na rua
de queimada, de sair com os amigos e ficar conversando na porta de
casa com os vizinhos.
As relações humanas devem ser protegidas e mesmo com a
tecnologia precisamos nos dar o direito de nos desconectar quando
estivermos com os nossos, que amamos.
É sobre isso.
Se tiver alguma ideia de como podemos adequar a IA às nossas
relações humanas, fique a vontade para escrever abaixo, é sempre
bom trocarmos essas ideias.
Com carinho e gratidão,
Tania Sanches
T&S – Palestras, Treinamentos e Mentorias